Entrou em casa ao entardecer e colocou os óculos de sol no baú acobreado, destinado à sua imensa coleção de lunetas escuras com hastes. Ultimamente preferia o modelo dourado, que lhe dava um ar sofisticado, opinião partilhada com a sua assistente de imagem.
Sentou-se no sofá à procura da melhor posição para se ver livre daquela dor de cabeça, consequência de mais um dia de trabalho a aturar os seus demônios e as suas constantes brincadeiras e discussões, entre decisões desta ou daquela nota ou da introdução de um arranjo musical revolucionário. Uma coisa era garantida, estava orgulhoso do seu estúdio.